quarta-feira, 2 de julho de 2014

"Os Escuteiros não são piores que a droga"

Foi este o titulo escolhido pelo Nelson Nunes para uma cronica, que entretanto se tornou viral, sobre o que é ser escuteiro e eu não teria escolhido melhor. Podem eventualmente ser "equiparados" a droga no sentido de que quem vive realmente este espírito não mais o consegue largar.

Sou escuteira! Iniciei este percurso, este modo de vida, aquando o inicio do meu agrupamento. Já lá vão 18 anos, quase 19.  E cada dia que passa é um amor maior, é um desafio maior. Tal como ele refere, ser escuteira não faz de mim a melhor pessoa do mundo, nem sequer quando visto a farda de super chefe. Mas fez de mim a pessoa que sou hoje, desenrascada, altruísta, que pensa no bem comum, capaz de arregaçar as mangas para o que quer que seja, capaz de ver o bem mesmo que tudo a volta e apresente negro. Faz com que não me importe de abdicar dos meus fins-de-semana para ir acampar com os meus 40 miúdos, que não me importe que me telefonem a horas improprias a tirar duvidas ou simplesmente a desabafar que a Maria ou a Constança não andam bem na escola, que ligam mais ao namorado, que não se portam bem em casa... e de repente lá estou eu, a falar com elas e chama-las a razão, a fazer o papel de mãe e de amiga e de alguém que tem de ser um exemplo onde eles se revejam. Somos chefes, somos escuteiros, somos psicólogos.

O M. não gosta deste meu lado, não gosta quando estou o fim-de-semana fora, não gosta quando tenho reuniões toda a semana, cursos "chatos" mas necessários. Não compreende como é que alguém deixa o conforto do lar para passar dois dias, ou mais, a tomar conta dos filhos dos outros, filhos que são dos outros mas que são quase meus também. Só assim se explica o não conseguir desligar deles mesmo quando estamos de férias.

Ser escuteiro é isto mesmo, é trabalhar para um bem comum, é deixar o sofá para sentar no chão, deixar a cama para deitar no chão. É não ter medo de seguir em frente seja qual for o caminho. É aprender a viver com o pouco que podemos ter. É não conseguir expressar devidamente o que se sente, porque não se consegue mesmo descrever. Para perceber é preciso viver o escutismo e por isso nem todos o percebem.

1 comentário:

Luna disse...

Compreende-se, estás muito ligada a eles...