terça-feira, 24 de março de 2015

Vida de desempregada

Pois que como toda a gente sabe, ou pelo menos quem acompanha o blog há algum tempo, sabe que estou desempregada desde Dezembro. O estágio profissional acabou e toma lá um papelinho (passado quase um mês e porque o pedi) e vais receber do estado que isso é que é bom. Vai daí que de duas em duas semanas lá estou eu, qual preso com pulseira electrónica, a fazer a minha apresentação quinzenal.
Ontem foi dia. E só eu e Deus sabemos os nervos que aquilo me dá. Gosto sempre de me despedir da minha família antes de lá ir, tal é a quantidade de tempo que lá perco. Em primeiro lugar porque a senhora nunca chega a horas. Eu que vou sempre de manhã, geralmente chego lá antes das nove, sendo que a funcionária, não raras vezes chega sempre dez minutos depois da hora, Ontem não foi excepção. E mesmo que seja após o almoço, ela chega sempre atrasada. Ou porque o carro não pegava, ou porque teve um furo, ou porque se atravessou uma árvore no caminho, ou porque o periquito teve um ataque, ou porque... ou porque. Ela tem sempre uma explicação, uma justificação, mesmo quando ninguém quer saber, mesmo que só queiramos que ela despache as mãozinhas e só nos diga quando é que temos de lá voltar. Como se não bastasse chegar atrasada ainda vai trocar dois dedinhos de conversa com as colegas (poucas) que já lá estão e que chegaram a horas. E nós cá fora, a espera, porque desempregados é mesmo assim... podem esperar porque assim como assim não têm mais nada para fazer, não têm horários para cumprir. E depois não satisfeita com a conversa, porque isto dos funcionários públicos nem todos são antipáticos nem sisudos, ainda fala que se desunha com as pessoas que lá vão e é capaz de esta meia hora a debitar "cumprimentos a D. que já não vejo há muito tempo", " ah e cumprimentos ao periquito, que grande que ele deve estar porque também já não o vejo há muito tempo" enfim... e nós cá fora a espera e a soprar como é o meu caso. Eu bem que vou munida do telemóvel (não vou dizer que é um smartphone, ainda que de marca branca, porque os desempregados não podem ostentar essas coisas) para ir jogando, mas o tempo de espera é tanto que as vezes acabam-se as vidas e depois nada a fazer a não ser... esperar. Por vezes condigo voltar a encher os coraçõezinhos, só para verem como é fixe a manhã lá no sitio.
Depois há os dias em que nos pedem para ir mostrar as procuras activas de emprego. Aqui também é coisa para me puxar pelos nervos, sou uma pessoa que já começa a ganhar cabelos brancos fazer o quê e a paciência e calma que me assistiu enquanto gravida que fui, começa agora a abrandar. Pedem-me no papel que leve quatro "carimbos" por mês. Ora lido assim, depreendo que sejam quatro por mês independentemente da data. Só que não. São quatro por mês, mas um por semana ( e isto nem sequer vem escrito em letras pequenas). " Pois que assim não lhos posso validar" mesmo que eu lhe escarrapachasse o papel dos quatro MENSAIS onde não estava lá nada escrito de UM SEMANAL. Agora é esperar que não me cortem a miséria de esmola que me dão. E rezar, como rezo todos os dias, para encontrar um trabalho rapidamente, porque se há coisa que não gosto é de viver a conta do estado, principalmente quando me davam achaques de cada vez que via o valor que me era descontado, que agora não me é retribuído nem pela metade.
E é isto... Uma pessoa levanta-se de manhã, veste-se, vai cumprir a sua obrigatoriedade, faz procura mais do que activa de emprego, faz as refeições pelo meio, e pronto. Todos os dias o mesmo!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ai as apresentações quinzenais... não há paciência que aguente :/ Espero que consiga encontrar trabalho rapidamente, muita força! bjs